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advento
Dezembro é o mês do Natal. Assim o é na publicidade e na liturgia, mas são posturas radicalmente diferentes. A publicidade se utiliza do Natal para fazer seu negócio.
Tanto que, para muitas pessoas, no Natal o grande esquecido é Jesus Cristo. Ele é até desconhecido por muitos; Ele foi neutralizado, submergido pelo consumo, pelo feriadão, pela festa destemperada, pelo Papai Noel, pela 'bondadezinha' insossa e inócua. Isso é muito triste, pois se perdeu um tesouro precioso. Nós, cristãos, queremos que o Natal ainda tenha um sentido religioso.
O tempo litúrgico, isto é, de 'serviço' a Deus pede-nos que entremos em uma experiência religiosa, permitida pela fé em Jesus Cristo e no ser humano. Qual é esta experiência religiosa?
O otimismo radical de nossa fé faz com que nós permitamos uma análise realista, mas serena, da fragilidade e da maldade humanas. A nossa história pessoal, a história coletiva presente e passada mostra como o homem a partir de seu horizonte não é capaz de grande coisa!
Sem uma boa experiência desta insuficiência da 'condição humana' não há celebração gostosa do Natal. Natal é a abertura do homem para um horizonte maior, que dá a possibilidade de ter e realizar um sentido de vida que o conduza e o satisfaça, fazendo com que ele seja verdadeiramente ele mesmo, salvo, portanto.
No Natal celebramos o inaudito: Deus se fez (e liturgicamente sempre se faz) homem. Natal é anúncio da benignidade de Deus, da surpreendente comunhão entre o divino e o humano, uma comunhão que é 'salus', isto é, saúde radical, salvação.
Natal é salvação, não no sentido de que o homem, para ter abertura, comunhão e participação com o divino deve se tornar menos homem, mas que deve se tornar radicalmente homem, tanto quanto Jesus Cristo o foi. É grande este mistério de bondade. Bondade 'boa', não 'boazinha'.
A compreensão e a recepção deste mistério na vida nossa pessoal, eclesial, comunitária e social não é fácil, e é difícil fazer com que ela se torne 'história', isto é, realidade de nossa vida pessoal e comunitária.
Ela implica em transformação, em conversão, e a transformação do humano é sempre processo lento, que exige constância, empenho e vigilância, numa saudável repetição de reflexões e exercícios religiosos.
O tempo litúrgico do Advento é destinado ao cultivo deste empenho e desta vigilância, passando pela boa percepção da insuficiência, fragilidade e maldade da condição humana.
Quanto mais fizermos ecoar em nós esta experiência, com maior alegria estaremos celebrando o Natal, pois perceberemos pela experiência que, em Jesus Cristo, o divino faz de fato levedar o humano e lhe dá transformação e sentido pleno.
Portanto, vivendo o Advento já estamos celebrando o Natal, e celebrando o Natal, no dia 25, estaremos de fato vivendo o feliz Advento do Senhor.
Um bom Advento e um feliz Natal!
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